Um evento completamente desvinculado da realidade do brasileiro parece ter invadido os nossos telejornais e revistas: a Grã-Bretanha decidiu sair da União Europeia. É, realmente, parece não ter nada a ver com o Brasil e talvez não tenha mesmo. Mas, então, por que é importante debater o “Brexit”?
Bom, independente da escola, sempre é recomendado a todo estudante brasileiro que prestará a prova do ENEM ou outros vestibulares que acompanhe os jornais e se mantenha atualizado. Existe um motivo para isso: a universidade é um local de debate de ideias e formação de opiniões. Estar antenado ao que acontece no mundo é um primeiro passo para que possamos interpretar os acontecimentos e produzir um novo conhecimento. Então, vamos lá, o que se passa na Europa?
Crise. Em todo o mundo, vivemos tempos de crise econômica, social, política, indentitária e por aí afora. A crise financeira de 2008 afeta a economia de todos os países (e, por “afetar a economia”, entenda “queda na produção e desemprego”); a guerra nos países do norte da África pressiona seus habitantes a buscarem refúgio fora de seu antigo país; atentados são cada vez mais recorrentes e fomentam medo e pânico; as pessoas não se identificam mais com os antigos valores culturais e anseiam por novas formas de representação e decisão política.
Em tempos polarizados, todos são convocados a tomar um lado nas questões polêmicas. Com uma vitória apertada – de 51,9% contra 48,1% –, a escolha da Grã-Bretanha de deixar a União Europeia demonstra que a antiga noção dos europeus de terem superado suas diferenças nacionais pode não ter se concretizado tão bem assim quanto se esperava. Mas isso não é necessariamente ruim. Como escreveu Daniel Bensaid, um filósofo francês contemporâneo nosso, nós vivemos um período de transição entre o “ainda não e o não mais, em que o antigo não acabou de morrer e o novo ainda pena para nascer”.
Em outras palavras, uma oportunidade está no ar: a Grã-Bretanha pode estar inaugurando novos tempos para a Europa ou pode dar com os burros n’água. Enquanto essa aposta não gerar, por completo, seus frutos, o país precisará descobrir uma forma de lidar com o sentimento anti-imigratório que está aflorando. Sabemos que a discriminação étnico-racial ou xenofóbica não está mais entre os valores aceitos em nosso mundo. O que o governo deve fazer?
“Em verdade temos medo.
Nascemos no escuro.
As existências são poucas;
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.”
Drummond
PALAVRAS BOAS PARA USAR E PESQUISAR:
União Europeia; Refugiados; Desemprego; Crise; Xenofobia; Medo;
DICAS PARA UMA BOA DISSERTAÇÃO SOBRE ESSE TEMA
- Imagine que em Londres, um dos principais centros financeiros da Europa, de cada 10 habitantes de Londres, 6 são estrangeiros. Há diversos tipos de conflitos, principalmente culturais e geracionais. Por exemplo, o atual prefeito é um mulçumano, o que causou um impacto semelhante ao da eleição de um negro nos EUA.
- Segundo o repórter Leandro Colon, enviado especial da Folha a Londres, “os mais jovens acreditam que a Europa é um campo vasto para procurar emprego e o livre-trânsito permite mais oportunidades de trabalho, já os mais velhos não se preocupam com isso”.
- Não se esqueça que a Grã-Bretanha sempre teve um comportamento de diferenciação da maioria dos países do bloco: a existência da família real inglesa ou sua moeda própria – a libra – são exemplos disso.
TEASER
No último mês, um referendo na Grã-Bretanha questionou seus habitantes sobre a permanência na União Europeia e a maioria votou pela saída do bloco. O que isso significa? Qual a importância desse acontecimento? Quais as consequências dessa decisão no atual cenário europeu e como lidar para que aconteça sem prejudicar os mais vulneráveis?
PARA SABER MAIS:
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